quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Telefone sem fio



O telefone é que faz a relação da vida com as pessoas. Hoje para cometer suicídio basta desligar o telefone que você passa a não existir mais. Ninguém mais tem relações próximas e humanas uns dos outros na nossa sociedade doente. É tudo por telefone. Se não atender o telefone me desligo do mundo, das pessoas e de tudo que é considerado importante pelos humanóides no tempo em que vivemos. Não existem mais relações humanas. Tudo é mentira, as lágrimas são digitais ou para reclamar bens materiais, o suor é um holograma da expressão corporal fingida, do orgasmo fingido, da sensibilidade humana instrumentalizada e representada como em uma peça teatral, onde o tempo do espetáculo é a tua vida. Num tempo em que tu te comunica com a platéia pelo telefone celular. Mas ninguém está disposto a improvisar qualquer vivência. Todos estão ocupados demais correndo atrás de seu próprio rabo. A vida de mentira e o simulacro da realidade cria um ambiente falso, virtualiza realidades e cria espaço para toda ordem de esquizofrenia. Percebem-se esquisitas as pessoas que acreditam em suas mentiras. Quando suas mentiras se tornam suas verdades você se prostituiu. Vendeu-se a si mesmo, passou um cheque sem fundos com valor ligeiramente superior a dívida, pegou o troco e ao conferir as moedas percebeu que foi logrado. Então se pergunta, logrado por quem?

Deuses do senso comum

Os deuses são guardiões do senso comum, muitas vezes enfrentar os deuses é enfrentar a opinião da maioria.

Tetris

Certamente o jogo de vídeo game “Tetris” é uma das metáforas mais apropriadas para explicar de forma simples as complexidades das relações humanas. Imagine que cada peça que cai em jogo em sistemáticas rotações comandadas pelo clique eletrônico acionado por um dedo que responde ao comando de um cérebro. Imagine que é o mesmo cérebro que comanda todas as demais relações do individuo com o meio, consigo mesmo e em seu habitat. Inclusive a idé

ia de si e de absolutamente tudo, se pensarmos que a concepção de idéia já é um produto regido pelo cérebro. A metáfora vem da ressignificação simbólica que atribuímos aos elementos do jogo. Constituímos assim o jogo dentro do jogo, princípio básico para pensar o pensamento. Caminho da reflexão, do colocar-se em questão. Portanto, o jogo dentro do jogo precisa de suas regras e seus novos significados.
Iniciamos pela peça. São as unidades simbólicas, que poderiam ser pessoas, porém o mais adequado seria a representação gráfica da relação com cada indivíduo no meu meio social. O clique que dou com o dedo para trocar a peça em jogo de posição é o esforço militante de construir a teia social. Na medida em que o jogador acerta os encaixes constrói relações entre as peças e essas tecem uma colcha de retalhos, que são as relações humanas.
Tive uma sequência enorme de desencaixes e tive que pausar a partida para pensar bem os próximos movimentos. Posso perder muito no jogo da vida. Perderia mais se estivesse fora da partida.

Perdas e danos

Tive muitas baixas. O que é comum entre as pessoas que se afastaram de mim? São as pessoas mais próximas e intimas. Obviamente que eu sou o problema. O caminho que escolhi me conduziu a esse fracasso. Agora tenho que parar para decantar a poeira que deixou turva a espessa atmosfera da minha vida. Quero enxergar mais longe antes de agir agora.

Passado

Hoje ganhei um presente de alguém
Que tem sido mais passado do que futuro neste presente