sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Atualidades políticas que buscam nexo cotidiano

Postei no facebook ontem uma sequência de fotos que marcam uma trajetória política de muito trabalho e dedicação, com foco na comunicação social, responsabilidade que assumi quando integrei a coordenação da campanha do prefeito Gilmar, de Esteio. Após a eleição permaneci na prefeitura até ser convidado a me retirar por conta das forças políticas do PT. Assunto que tornou clara a impessoalidade nessas relações. Eu prefiro tratar as coisas assim, pois não há incompatibilidade política, profissional, ou limites de qualquer natureza senão aquele que se apresentou quando incorporei, junto com Luis Fernando Schmidt, a Democracia Socialista – tendência interna do PT. Requer maturidade política compreender que outros continuarão o projeto para a cidade. Na condição de militante reivindico aquilo que prometemos aos esteienses e, dentro do possível, ajudo o Governo sempre que solicitado, pois isso significa a possibilidade de retomar as políticas públicas em comunicação que se perderam com a rotatividade dos quadros que constituíram o plano de governo em comunicação.

Essa matemática me incomoda, pois não encontra razão na realidade da vida. Tenho dificuldades de explicar a situação aos meus familiares e acho que eles também não têm a obrigação de compreender as motivações que me mantém ao lado de pessoas que protagonizaram uma campanha negativa em torno da minha atividade militante. É mais fácil compreender tais motivações políticas se a própria política for revista. O conceito da política, assim como sintetiza Anna Harendt, é aquilo que existe entre as pessoas. Que estabelece as mediações entre as posições diferentes. Se é assim, fica mais fácil compreender que não estou atuando em um partido político para me promover pessoalmente, pelo contrário. Aqueles que pensam assim me chamarão de fracassado. Porém, não medi esforços para inserir na agenda pública assuntos renegados pelos interesses de grandes grupos financeiros. Não considero pecado ser um grande grupo financeiro, porém a regra no Brasil nos mostra que esses grupos são constituídos sobre a falência de outros, por tráfico de influências, ações coordenadas entre os entes públicos e privados que revela uma promiscuidade depredadora da ética. Ao ter de conviver com isso, pois tais situações estão intrínsecas nas práticas da política tupiniquim, fico plenamente satisfeito pelas brigas que comprei, pelas ideias que coloquei em público, pelo trabalho de contribuir com a ideia da cidadania esteiense. Sem mandato, apenas como um articulador político, como um comunicador, tenho focado o interesse público como prioridade para a cidade. Posso falar tranquilamente, já que não sou candidato a cargo eletivo.

Entre as fotos que postei ontem está a realização do Fórum Social Mundial em Esteio, trabalho que me custou muito caro pelo desgaste nas relações com a coalizão e a dificuldade dos quadros políticos de compreenderem a importância do movimento.



Segue artigo que publiquei naquela oportunidade e que foi divulgado pelo movimento brasil autogestionário pelo Lúcio Uberdan. Com muita alegria vejo o Lúcio liderando junto ao Governo Tarso Genro a construção da ideia do governo digital, com foco na transparência, na cidadania, na inclusão digital como ação estratégica de Estado. Em fim, com a intenção de qualificar o diálogo com a sociedade. Ao invés dos burocratas perderem tempo em querer enquadrar esse modo de pensar como algo utópico, poderiam abrir suas mentes, ou melhor, simplesmente abrir os olhos para o mundo de fora e compreender o papel da comunicação em tempo real na atualidade. Porém, abrir os olhos para alguns é pedir demais. Então, por conta dessas limitações da vida busco alternativas de fazer valer as ações políticas que possam tornar nossas relações mais humanas, sem precisar deixar a matemática de lado, com exemplo pessoal de compromisso com a cidade, de envolvimento coletivo onde ocorre a vida social do indivíduo e contribuir para a criação de um sistema que possa dar conta das necessidades do cidadão de hoje.

Segue o artigo:

http://www.brasilautogestionario.org/tag/charles-scholl/

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A cidadania promovida na história do Eco do Sinos

O Jornal Eco do Sinos marca mais um aniversário circulando interruptamente desde 8 de novembro, de 1985. É natural que em cada aniversário sejamos impactados sobre os efeitos do tempo, ofertado democraticamente a todos. O exercício de revisitar o caminho percorrido nos arremessa à prática da reflexão. Extraímos compreensões sobre as motivações da existência, impulsionados pelo extinto de produzir razão sobre as coisas. Podemos decantar alguns sentidos que a história do Jornal Eco do Sinos nos ajudou a compreender. Nesse tempo, a cada edição, o jornal constituiu o elo de inúmeros processos sociais criando e mantendo as mediações viabilizadoras do direito a informação. Como um reflexo das atividades sociais, políticas, culturais e econômicas, o JES produziu efeitos antropológicos na promoção do desenvolvimento humano e social dos cidadãos.



Sua atividade de comunicação, com foco na cidadania esteiense, sempre esteve permeada do princípio do interesse público como valor construído e agregado à notícia. A cada edição que circula, pulveriza informações e promove a concreta participação na vida coletiva da cidade. Por isso é um instrumento estratégico da cidadania esteiense, que qualifica o debate público e fomenta a participação das pessoas sobre as intersecções existenciais que a vida na cidade lhes oferta.

Na condição de apaixonado pelas teorias da comunicação, podemos compreender a história do JES pela simples verdade de que a informação é uma das necessidades do ser humano. Como encontramos na obra Os elementos do Jornalismo - “As pessoas precisam de informação por causa de um instinto básico do ser humano, que chamamos de instinto de percepção. Elas precisam saber o que acontece do outro lado do país e do mundo, precisam estar a par de fatos que vão além da própria experiência. O conhecimento do desconhecido lhes dá segurança, permite-lhes planejar e administrar as próprias vidas. Trocar figurinhas com essa informação e se converte na base para a criação da comunidade, propiciando as ligações entre as pessoas.” (Os elementos do jornalismo, de Kovach & Rosentiel (2004:36).

No entanto, por todas as vezes em que o JES cometeu equívocos, e foram muitos, teve a grandeza de se mostrar humilde e de agir com a intenção de corrigir e de compensar, sem incorrer em outro erro. Esse é o equilíbrio necessário para quem assume para si a tarefa de fazer a mediação entre Estado, Governo e Sociedade. Dessa maneira edificam-se os pilares para a consolidação de um mundo melhor. Já que compreendemos que fornecer a informação de interesse público é uma função social da imprensa e um direito do cidadão.

Em Esteio já tivemos momentos em que essa força da sociedade era compreendida e tida como estratégica para a qualificação da opinião pública. No governo da prefeita Sandra Silveira, o programa cidade educadora imprimiu uma dinâmica de relações com os veículos de comunicação, transformando-os em verdadeiros materiais didáticos de cidadania. O programa aplicado naquela gestão tinha a pretensão de fazer todos os espaços públicos oportunidades de aprendizado.

Os veículos eram impulsionados por uma avalanche de ações propostas de interesse público que se consolidaram e constituíram a base de planejamento das principais realizações públicas da atualidade do município. Também é mérito da cidade ter eleito o Prefeito Gilmar Rinaldi, que ocupava a vice prefeitura naquela gestão.

Mesmo nesta reflexão encontramos as tenções cotidianas entre o interesse público e a iniciativa privada, que muitas vezes se traveste de iniciativa pública e coloca na privada o interesse legítimo da cidadania. Ainda brincando com as palavras cabe destacar que a privatização do interesse público é pior que a venda de estatais. Já que a venda das empresas públicas acarreta na diminuição da economia que sustenta a cidadania, ao tempo que a privatização do interesse público promove a diminuição da cidadania, intensifica a fragmentação social, potencializa a atomização dos sujeitos, e constrói o caminho à banalização generalizada de uma civilização. Situação que muitas vezes só pode ser percebida claramente sobre os efeitos do tempo.
Charles Scholl

Consultor de Comunicação da

Esparta – Ação Tática e Estratégia