quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A cidadania promovida na história do Eco do Sinos

O Jornal Eco do Sinos marca mais um aniversário circulando interruptamente desde 8 de novembro, de 1985. É natural que em cada aniversário sejamos impactados sobre os efeitos do tempo, ofertado democraticamente a todos. O exercício de revisitar o caminho percorrido nos arremessa à prática da reflexão. Extraímos compreensões sobre as motivações da existência, impulsionados pelo extinto de produzir razão sobre as coisas. Podemos decantar alguns sentidos que a história do Jornal Eco do Sinos nos ajudou a compreender. Nesse tempo, a cada edição, o jornal constituiu o elo de inúmeros processos sociais criando e mantendo as mediações viabilizadoras do direito a informação. Como um reflexo das atividades sociais, políticas, culturais e econômicas, o JES produziu efeitos antropológicos na promoção do desenvolvimento humano e social dos cidadãos.



Sua atividade de comunicação, com foco na cidadania esteiense, sempre esteve permeada do princípio do interesse público como valor construído e agregado à notícia. A cada edição que circula, pulveriza informações e promove a concreta participação na vida coletiva da cidade. Por isso é um instrumento estratégico da cidadania esteiense, que qualifica o debate público e fomenta a participação das pessoas sobre as intersecções existenciais que a vida na cidade lhes oferta.

Na condição de apaixonado pelas teorias da comunicação, podemos compreender a história do JES pela simples verdade de que a informação é uma das necessidades do ser humano. Como encontramos na obra Os elementos do Jornalismo - “As pessoas precisam de informação por causa de um instinto básico do ser humano, que chamamos de instinto de percepção. Elas precisam saber o que acontece do outro lado do país e do mundo, precisam estar a par de fatos que vão além da própria experiência. O conhecimento do desconhecido lhes dá segurança, permite-lhes planejar e administrar as próprias vidas. Trocar figurinhas com essa informação e se converte na base para a criação da comunidade, propiciando as ligações entre as pessoas.” (Os elementos do jornalismo, de Kovach & Rosentiel (2004:36).

No entanto, por todas as vezes em que o JES cometeu equívocos, e foram muitos, teve a grandeza de se mostrar humilde e de agir com a intenção de corrigir e de compensar, sem incorrer em outro erro. Esse é o equilíbrio necessário para quem assume para si a tarefa de fazer a mediação entre Estado, Governo e Sociedade. Dessa maneira edificam-se os pilares para a consolidação de um mundo melhor. Já que compreendemos que fornecer a informação de interesse público é uma função social da imprensa e um direito do cidadão.

Em Esteio já tivemos momentos em que essa força da sociedade era compreendida e tida como estratégica para a qualificação da opinião pública. No governo da prefeita Sandra Silveira, o programa cidade educadora imprimiu uma dinâmica de relações com os veículos de comunicação, transformando-os em verdadeiros materiais didáticos de cidadania. O programa aplicado naquela gestão tinha a pretensão de fazer todos os espaços públicos oportunidades de aprendizado.

Os veículos eram impulsionados por uma avalanche de ações propostas de interesse público que se consolidaram e constituíram a base de planejamento das principais realizações públicas da atualidade do município. Também é mérito da cidade ter eleito o Prefeito Gilmar Rinaldi, que ocupava a vice prefeitura naquela gestão.

Mesmo nesta reflexão encontramos as tenções cotidianas entre o interesse público e a iniciativa privada, que muitas vezes se traveste de iniciativa pública e coloca na privada o interesse legítimo da cidadania. Ainda brincando com as palavras cabe destacar que a privatização do interesse público é pior que a venda de estatais. Já que a venda das empresas públicas acarreta na diminuição da economia que sustenta a cidadania, ao tempo que a privatização do interesse público promove a diminuição da cidadania, intensifica a fragmentação social, potencializa a atomização dos sujeitos, e constrói o caminho à banalização generalizada de uma civilização. Situação que muitas vezes só pode ser percebida claramente sobre os efeitos do tempo.
Charles Scholl

Consultor de Comunicação da

Esparta – Ação Tática e Estratégia

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