quinta-feira, 1 de novembro de 2018

A alegria idiota de imbecis prova desconhecimento do projeto eleito


Charles Scholl*

Algumas pessoas minimamente lúcidas já demostram estar preocupadas. Já é evidente que, diante do cenário, algumas preocupações são pertinentes. Não basta dizer que estamos cercados de imbecis. O projeto quer anular a criticidade, que é um elemento fundamental para o desenvolvimento humano na contemporaneidade. Pois dela decorre a possibilidade do desenvolvimento econômico, seja pelo registro de patentes, ou toda a cadeia produtiva que decorre da geração de novas tecnologias. Ela funciona como elemento cognitivo promotor do processo evolutivo das sociedades, ao favorecer afetos que motivam a superação dos limites da certeza e abrem as janelas do universo criativo. É a criticidade que desafia constantemente os limites do mundo compreendido e é a principal responsável em gerar mais conhecimento.
A ideia da idiotização eleita é uma ideia de poder que se engendra pelos indicados ao posto da educação, que orbita em torno de interesses militares. A perspectiva remonta o período de 1964, que foi o pior período para a reflexão filosófica, pois foi proibida e EXTINTA pela Lei 5692/71. Ainda o governo, por meio da censura, criminalizou o exercício do pensamento. Quando vejo pessoas segurando cartazes afirmando não terem sofrido repressão no período da Ditadura Militar, a ideia da idiotização nos ajuda a compreender os motivos.
Penso que é preciso apontar onde está a ruptura social, política e estética que vivemos. Nossa educação, por meio da regulamentação presente na Lei 9394/98, aponta para axiomas positivados que definem o conceito de cidadania promovendo os seguintes valores:
"1)Os fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática;
2) os que fortaleçam os vínculos de família, os laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca." (completamente atípica e estranha a política eleita)
Qual o conflito? leia como a norma se desdobraria em ações pedagógicas.
I. a Estética da Sensibilidade, que deverá substituir a da repetição e padronização, estimulando a criatividade, o espírito inventivo, a curiosidade pelo inusitado e a afetividade, bem como facilitar a constituição de identidades capazes de suportar a inquietação, conviver com o incerto e o imprevisível, acolher e conviver com a diversidade, valorizar a qualidade, a delicadeza, a sutileza, as formas lúdicas e alegóricas de conhecer o mundo e fazer do lazer, da sexualidade e da imaginação um exercício de liberdade responsável;
II. a Política da Igualdade, tendo como ponto de partida o reconhecimento dos direitos humanos e dos deveres e direitos da cidadania, visando à constituição de identidades que busquem e pratiquem a igualdade no acesso aos bens sociais e culturais, o respeito ao bem comum, o protagonismo e a responsabilidade no âmbito público e privado, o combate a todas as formas discriminatórias e o respeito aos princípios do Estado de Direito na forma do sistema federativo e do regime democrático e republicano;
III. a Ética da Identidade, buscando superar dicotomias entre o mundo da moral e o mundo da matéria, o público e o privado, para constituir identidades sensíveis e igualitárias no testemunho de valores de seu tempo, praticando um humanismo contemporâneo, pelo reconhecimento, pelo respeito e pelo acolhimento da identidade do outro e pela incorporação da solidariedade, da responsabilidade e da reciprocidade como orientadoras de seus atos na vida profissional, social, civil e pessoal**.
É isso que está em cheque quando generais são cotados a assumir a educação. O movimento dá inicio às promessas eleitorais ao promover uma ampla campanha contra a universalização do saber principalmente na formação superior que será dirigida "somente aos notáveis". Poderemos encontrar os "notáveis" pela conta bancária e CEP. Então a pessoa que mora na periferia e optou pela perpetuação de sua condição de miserabilidade o fez sob mentiras, desconhecimento e ignorância. Uma pessoa jamais tomaria tal decisão em posse plena de suas faculdades mentais, pela insensatez em si presente nesta decisão. Resumindo...... elegeram uma mentira, mas terão que conviver com a verdade.
*Acadêmico Licenciatura em Filosofia

** Ciências humanas e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. – Brasília : Ministério
da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006.
133 p. (Orientações curriculares para o ensino médio ; volume 3)
ISBN 85-98171-44-1
1. Conteúdos curriculares. 2. Ensino médio. 3. Filosofi a. 4. Geografi a. 5. História. 6. Sociologia.
I. Brasil. Secretaria de Educação básica.


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