terça-feira, 6 de abril de 2010

As sinapses sociais da atualidade

Charles Scholl
13metatron@gmail.com
charlesscholl.blogspot.com
Vivemos um tempo em que vencemos a distância para nos relacionar. A tecnologia nos permite estabelecer relações sociais em tempo real em uma velocidade ainda não experimentada pela humanidade. O desafio contemporâneo está na acessibilidade, apesar de que nos debates sobre tecnologia da informação e comunicação o tema da acessibilidade é considerado superado por muitas autoridades no assunto. No mundo antigo da União Européia as metas de acessibilidade são ambiciosas, a exemplo do Reino Unido que anunciou publicamente o desafio de inserir toda a população na rede até 2012. A aldeia global toma forma com a massiva aderência das populações à rede em todos os continentes. As sociedades que emergem desta revolução da comunicação passam a contar com o poder da onipresença eletrônica que rompe as barreiras geopolíticas e constitui novas possibilidades de relação social em um terreno virtualizado.

O Brasil vive essa experiência intensamente e, de acordo com pesquisa realizada pelo Ibope, o pais registrou um crescimento de 8% ao longo de 2009. Até o quarto trimestre de 2009 a pesquisa aponta 67,5 milhões de pessoas conectadas em suas residências, no trabalho, em escolas e lan-houses. O comportamento destes internautas maiores de 16 anos é digno de estudos, mas algumas hipóteses já podem ser pensadas. Os sites de busca disparam com 95% da preferência dos internautas brasileiros. Dentre os dez países em que é feita a mesma pesquisa o índice de freqüentadores de comunidades virtuais no Brasil é campeão com 83,3% dos usuários. O que se percebe é que existe um ambiente propício ao estabelecimento de redes sociais entre os usuários brasileiros, mas prevalece ainda a relação fragmentada comum em uma sociedade atomizada.

As novas ferramentas de comunicação podem estabelecer uma nova coesão social. Entre os diversos organismos da sociedade civil que compões nosso tecido social, a comunicação tem sito um entrave que historicamente tem mantido uma importante distância das direções e suas comunidades de base. A revolução da comunicação que está em pleno curso no Brasil aponta para a quebra deste paradigma. O assunto merece a atenção das nossas direções políticas, de sindicatos, de associações de moradores e demais entidades de classe. Além do fenômeno da multiplicidade de opiniões que os blogueiros imprimem cotidianamente, a tendência das comunidades virtuais em torno da sociedade civil organizada pode qualificar os debates acerca dos assuntos corporativos de cada segmento. Em escala, podemos deduzir que os organismos representativos do nosso tecido social tendem a qualificar suas intervenções públicas favorecendo a participação dos cidadãos em todos os setores da sociedade.

Ao tempo em que a acessibilidade é resolvida no Brasil, cresce a adesão dos internautas em suas redes sociais. O ambiente virtual produz verdadeiras sinapses de inteligência coletiva em nosso tecido social e os resultados podem produzir novas redes neurais, que por conseqüência, novos movimentos sociais. É fato que o advento da internet não substitui a atividade militante dos sindicalistas, políticos e das demais lideranças do movimento social, mas incrementa. A busca da legitimidade da representação, presente no cerne das atividades de mobilização social, passa a ter uma ferramenta poderosa de comunicação com baixíssimos custos e crescente adesão entre os brasileiros. Se as observações e deduções otimistas que apresento neste artigo se confirmarem, conforme apontam as pesquisas do Ibope, e as lideranças souberem utilizar as novas ferramentas de comunicação, teremos em um futuro próximo uma crescente qualificação da opinião pública no Brasil e um fortalecimento das nossas instituições democráticas.

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