quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

INSTRUMENTOS MUSICAIS, UM MEIO PARA ENCANTAR O AMBIENTE

 Charles Scholl
O presente artigo tem por objetivo decantar as experiências obtidas em todas as etapas da produção do Plano de Aula que culminou em um seminário com a apresentação do respectivo plano. Participei do Grupo 10, do Polo Esteio, que teve como tema o Meio Ambiente. Após vencer os desafios pertinentes aos trabalhos em grupo composto por pessoas com vidas, horários e cotidianos distintos, selecionamos um tema específico que uniria música, arte, trabalhos manuais, ressignificação do termo lixo, teorias de sustentabilidade em torno de um novo olhar sobre o meio ambiente.
Nosso plano de aula tratou da reciclagem utilizando a música como fator motivador. O grupo dividiu a tarefa em capítulos e me coube apresentar o oitavo, que tratava da metodologia. No entanto, penso que é fundamental ingressar no desenvolvimento do tema proposto para que seja possível trazer às palavras algo mais próximo da real experiência decorrente desta tarefa acadêmica.
Em que contexto podemos compreender a ideia de meio ambiente atualmente? Responder a essa questão foi meu primeiro passo, já que as literaturas presentes nos temas transversais poderiam ser consideradas superficiais diante da abordagem escolhida pelo grupo. Os conteúdos presentes na cartilha Parâmetros Curriculares Nacionais – Meio Ambiente, disponibilizada pelo portal do Ministério da Educação, justificam a importância do tema e os desafios de trata-los em sala de aula. Neste espaço se ancora a grande tarefa de mudar hábitos por meio da transmissão de conhecimentos e vivências, que venham a contribuir para uma nova geração de pessoas conscientes de suas responsabilidades com o meio ambiente.
Aferir um processo educativo com pretensões de mudança comportamental seduziu-me a extrapolar para outras literaturas. Em virtude da atual formação acadêmica, a opção pela filosofia foi irresistível, principalmente com as liberdades pertinentes a calouros em seu primeiro semestre. A ecosofia, um neologismo criado por Félix Guattari, autor da obra As Três Ecologias, me pareceu a melhor abordagem teórica para dar conta dos desafios. Já que para intervir em padrões comportamentais consolidados é preciso desconstruir e ressignificar valores em todas as relações da intervenção humana. A obra “As três ecologias” sugere, em síntese, uma forma de organizar nossa relação com o meio ambiente pela perspectiva do comportamento. Ela parte da relação ecológica que o ser tem com seu ambiente mental e sugere uma revisão sobre os hábitos pessoais. Em um segundo momento o ambiente social em que essa pessoa está inserida também é objeto de análise e revisões de hábitos sociais. A terceira ecologia é a relação deste ser com o meio ambiente que vive. Desta fase é que surge a ideia da sustentabilidade. Com isso, resolvemos a questão dos conteúdos, como podem ser organizados e o princípio da ideia de ressignificação do conceito de lixo, ao utilizar materiais que normalmente são descartados e transforma-los em brinquedos sonoros, ou instrumentos musicais.
Além do conteúdo programático ofertado por Félix Gattarri, a ideia de utilizar a música favorece o desenvolvimento cognitivo, como afirma a professora doutora Elvira Sousa Lima: “Há evidências de que a apropriação da sintaxe musical tem impacto positivo na sintaxe linguística e em outros domínios da cognição” (LIMA, Elvira. Cérebro Musical. Revista Presença Pedagógica, São Paulo, edição nº95, setembro/outubro 2010).
Desde Emilio, ou da Educação, de Jean-Jacques Rousseau, podemos compreender com mais clareza a moderna pedagogia. Trata-se do pressuposto de que a aula a ser dada deve, por princípio, ser agradável e interessante ao estudante. A educação não deve ser algo odioso ou um castigo, como ocorriam com os educadores jesuítas muito criticados por Rousseau. Esses conteúdos seriam suficientes para embasar o Plano de Aula em questão, além de constituir a etapa mais educativa deste trabalho em grupo.
Referências:
GUATTARI, Felix. As três ecologias. 20ª ed. Trad. Maria Cristina F. Bittencourt. Campinas: Papirus, 2009, 56p.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio, ou da educação. 1ª ed. Trad. Laurent de Saes. São Paulo: Edipro, 2017, 560p.
Ministério da Educação (MEC). Secretaria de Educação Fundamental (SEF). Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais, Meio Ambiente. Brasília, DF: MEC/SEF, 1997b.

LIMA, Elvira. Cérebro Musical. Revista Presença Pedagógica, São Paulo, edição nº95, setembro/outubro 2010.