sexta-feira, 14 de maio de 2010

Vendas na internet revela face obscura do capitalismo

Charles Scholl
Consultor de Comunicação
http://charlesscholl.blogspot.com/
13metatron@gmail.com
O dia das mães revelou a dimensão do crescimento das vendas pela internet no Brasil. Nas duas semanas que antecederam o dia 9 de maio, foram registrados cerca de 1,6 milhão de pedidos em lojas virtuais no Brasil. O comércio eletrônico faturou, nesse período, R$ 625 milhões, que representa um crescimento de 42% em relação ao mesmo período no ano passado. O fenômeno salta aos olhos na medida em que o varejo tradicional registra um crescimento de 9,43%. Por curiosidade vale saber que os eletrodomésticos, pela primeira vez, lideram as vendas pela internet com 15,2%; os livros, assinaturas de revistas e jornais ficaram em segundo lugar com 14,9% e os cosméticos ficaram em terceiro com 13%. Produtos de informática ficaram com a fatia de 10% e eletrônicos com 8%.

O negócio de vendas pela internet é para gigantes. A concentração é absurda e lembra o tempo em que vivemos. Falo do cacoete capitalista gerador de toda miséria humana e ambiental da atualidade que convive com a propaganda de um mundo fantástico, que só pode ser vivido por alguns. No ano passado a venda pela internet faturou cerca de R$ 10,8 bilhões, sendo que 50 empresas levaram 90% do faturamento geral. Os outros 10% ficaram divididos entre 60 mil pequenas e micro-empresas, que entre essas somente 5 mil foram estabelecidas formalmente. Soma-se a essas informações a prospecção de 60% das pequenas e micro-empresas tendem a fechar com 12 meses de funcionamento.

Entre os principais problemas que freiam as investidas dos pequenos e micro-empreendedores nas vendas pela internet está a falta de planejamento. Os empreendedores ainda subestimam a complexidade do comércio eletrônico. A falta de foco também tem sido fatal e percebemos isso com os mais bem sucedidos entre pequenos, que se concentraram em nichos de mercado. Assim o pequeno empreendedor pode alcançar a excelência em atendimento exigida pelos consumidores. Competir com os 50 gigantes tem sido absolutamente inviável. A não compreensão da importância da plataforma, do programa de sua loja virtual com improvisos na modelagem do negócio foi responsável pelo fechamento de muitos negócios. O investimento mínimo gira em torno de R$10mil, sem falar dos sistemas de otimização de busca. A mão de obra deve ser qualificada, os colaboradores da empresa devem ter domínio sobre as ferramentas administrativas da loja virtual. A divulgação deve seguir os caminhos da internet. A publicidade convencional não é suficiente para manter um negócio na internet. E tudo isso precisa ser monitorado sistematicamente para verificação de controles de estoque e fluxos financeiros.

É um negócio que tem suas peculiaridades, mas que ainda não caiu no senso comum dos empreendedores brasileiros. Seu crescimento tem chamado a atenção dos grandes. No 26º Congresso de Gestão e Feira Internacional de Negócios em Supermercados, Eneas Pestana, representante do Grupo Pão de Açúcar, revelo a pretensão vender R$ 2bilhões pela internet em 2010. É exatamente o valor movimentado por cerca de 60 mil empreendedores no ano passado. É preciso uma revolução do conhecimento, de formação e da informação para que seja possível democratizar e tornar as vendas na internet uma possibilidade de futuro ao povo brasileiro, que atualmente é visto somente como consumidor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário