Tive a oportunidade de conhecer Otília. Uma mulher de 95 anos que dividia o quarto com a Dona Inês, no Hospital da Puc. A quase centenária mulher não se manifestava para nada. Limitava-se a piscar os olhos e estava no hospital por conta de um tombo que havia sofrido. Não tinha mais ninguém de sua família e vivia em um asilo. Para quem conhece a Dona Inês sabe de sua inquietude e passou a provocar conversas com Otília. Diante da insistência as tentativas passaram a constituir uma comunicação por solilóquios, parecendo que as mensagens enfrentavam grande resistência em permear a mente de Otília. Logo virou diálogo, porém a surpresa é que as conversas de davam em alemão, geralmente em chingamentos. A Dona Inês não fica indiferente diante de outra pessoa e passou a alimentar Otília e ela logo melhorou. Ontem quando cheguei no Hospital para levar roupas limpas percebi a ausência de Otília e com certo receio perguntei seu destino. Dona Inês abriu um sorriso e disse que ela havia dado alta. O mesmo sorriso não estava no rosto dos outros companheiros de seu quarto. Um acompanhante vindo de Três Maio disse que Otília só tinha melhorado por conta da Dona Inês e que não acredita que ela viveria muito fora dali. Constatamos a todo momento que onde a Maria Ines Scholl Heinz passa o ambiente muda, as pessoas ficam mais sensíveis e humanas. Ela segue com as aplicações de radioterapia e quimioterapia e todos torcemos por uma boa resposta biológica. Parabéns ao Sergio Heraclito Scholl Heinz, ao jornalista João Machado pelo excelente trabalho na edição do Eco Do Sinos. Obrigado pela colaboração de todos e pela compreensão diante das imperfeições cotidianas que decorrem desta mudança de rotina.
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