Charles Scholl*
Algumas
pessoas minimamente lúcidas já demostram estar preocupadas. Já é evidente que, diante
do cenário, algumas preocupações são pertinentes. Não basta dizer que estamos
cercados de imbecis. O projeto quer anular a criticidade, que é um elemento
fundamental para o desenvolvimento humano na contemporaneidade. Pois dela
decorre a possibilidade do desenvolvimento econômico, seja pelo registro de
patentes, ou toda a cadeia produtiva que decorre da geração de novas
tecnologias. Ela funciona como elemento cognitivo promotor do processo
evolutivo das sociedades, ao favorecer afetos que motivam a superação dos
limites da certeza e abrem as janelas do universo criativo. É a criticidade que
desafia constantemente os limites do mundo compreendido e é a principal
responsável em gerar mais conhecimento.
A ideia da idiotização eleita é uma ideia de poder que se
engendra pelos indicados ao posto da educação, que orbita em torno de
interesses militares. A perspectiva remonta o período de 1964, que foi o pior
período para a reflexão filosófica, pois foi proibida e EXTINTA pela Lei
5692/71. Ainda o governo, por meio da censura, criminalizou o exercício do
pensamento. Quando vejo pessoas segurando cartazes afirmando não terem sofrido
repressão no período da Ditadura Militar, a ideia da idiotização nos ajuda a
compreender os motivos.
Penso que é preciso apontar onde está a ruptura social, política
e estética que vivemos. Nossa educação, por meio da regulamentação presente na
Lei 9394/98, aponta para axiomas positivados que definem o conceito de cidadania
promovendo os seguintes valores:
"1)Os fundamentais ao
interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum
e à ordem democrática;
2) os que fortaleçam os vínculos
de família, os laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca." (completamente atípica e estranha a política eleita)
Qual o conflito? leia como a norma se desdobraria em ações
pedagógicas.
I. a Estética da Sensibilidade,
que deverá substituir a da repetição e padronização, estimulando a
criatividade, o espírito inventivo, a curiosidade pelo inusitado e a
afetividade, bem como facilitar a constituição de identidades capazes de
suportar a inquietação, conviver com o incerto e o imprevisível, acolher e
conviver com a diversidade, valorizar a qualidade, a delicadeza, a sutileza, as
formas lúdicas e alegóricas de conhecer o mundo e fazer do lazer, da
sexualidade e da imaginação um exercício de liberdade responsável;
II. a Política da Igualdade,
tendo como ponto de partida o reconhecimento dos direitos humanos e dos deveres
e direitos da cidadania, visando à constituição de identidades que busquem e
pratiquem a igualdade no acesso aos bens sociais e culturais, o respeito ao bem
comum, o protagonismo e a responsabilidade no âmbito público e privado, o
combate a todas as formas discriminatórias e o respeito aos princípios do
Estado de Direito na forma do sistema federativo e do regime democrático e
republicano;
III. a Ética da Identidade,
buscando superar dicotomias entre o mundo da moral e o mundo da matéria, o
público e o privado, para constituir identidades sensíveis e igualitárias no
testemunho de valores de seu tempo, praticando um humanismo contemporâneo, pelo
reconhecimento, pelo respeito e pelo acolhimento da identidade do outro e pela
incorporação da solidariedade, da responsabilidade e da reciprocidade como
orientadoras de seus atos na vida profissional, social, civil e pessoal**.
É isso que está em cheque quando generais são cotados a assumir
a educação. O movimento dá inicio às promessas eleitorais ao promover uma ampla
campanha contra a universalização do saber principalmente na formação superior
que será dirigida "somente aos notáveis". Poderemos encontrar os
"notáveis" pela conta bancária e CEP. Então a pessoa que mora na
periferia e optou pela perpetuação de sua condição de miserabilidade o fez sob
mentiras, desconhecimento e ignorância. Uma pessoa jamais tomaria tal decisão
em posse plena de suas faculdades mentais, pela insensatez em si presente nesta
decisão. Resumindo...... elegeram uma mentira, mas terão que conviver com a
verdade.
*Acadêmico Licenciatura em Filosofia
** Ciências
humanas e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. – Brasília :
Ministério
da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006.
133 p. (Orientações curriculares para o ensino médio ; volume
3)
ISBN 85-98171-44-1
1. Conteúdos curriculares. 2. Ensino médio. 3. Filosofi a. 4.
Geografi a. 5. História. 6. Sociologia.
I.
Brasil. Secretaria de Educação básica.