Estava em uma Audiência Pública na Câmara de Esteio, que preservo a fonte para evitar qualquer constrangimento, então aconteceram as pérolas. Um membro da comunidade, que participou como secretário de obras no Governo de Esteio em tempos memoráveis, inicia uma explanação sobre como resolver problemas administrativos na prefeitura. Contrariado pelo atual representante do Poder Executivo, o ex-secretário disparou a primeira: “O senhor está de má vontade conosco, pois já fui secretário e sei que basta fazer, se pode ou não pode pela lei isso se resolve depois”.
Como jornalista crítico das posturas políticas daquela gestão estava diante do réu confesso. E ele continuou a narrar suas experiências de gestão para mostrar como se faz. Disse que cavou com as mãos, com máquinas um “valo” para acalmar o povo da vila. A forma como se referiu a “vila” mostrava as cicatrizes de um tempo de exclusão social.
O vereador que dirigia a reunião disse que a “vila” pela qual o interlocutor se referia, era onde fica sua casa e o “valo” se tratava de um Arroio, que está sendo recuperado a pesados recursos federais. O interlocutor olhava pasmo como se estivesse tentando entender como aquele vileiro estava dirigindo a reunião.
Outros interlocutores procuraram explicar as preocupações ambientais no trato com os recursos hídricos e as consequentes enchentes pelas depredações feitas ao meio ambiente. O interlocutor então resumiu sua ideia de meio ambiente e disparou: “Sou ecologista por natureza, crio 60 passarinhos e planto árvores, pois sou responsável pela plantação de inúmeros eucaliptos na cidade”. Todos ficaram sem o que dizer, mas creio que no íntimo de cada um rezava a frase: “Ainda bem que esse tempo passou, que aprendemos com essa história, que estamos fazendo diferente hoje”. Mas vale lembrar que esses fantasmas ainda existem. Eles estão entre nós, mesmo que não participem ativamente da política hoje, somos obrigados a conviver cotidianamente com as consequências daquela forma de fazer as coisas.
Lembro-me da frase de Platão: “Pessoas boas não precisam de leis para dizer a elas como agir com responsabilidade, enquanto pessoas ruins encontrarão um modo de contornar as leis”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário