sexta-feira, 28 de maio de 2010

Então Deus disse: “Crie vida, pois tu és minha imagem e semelhança.”

Charles Scholl
Consultor de Comunicação da
Esparta – Ação Tática e Estratégia

As notícias em torno da criação de novas células em laboratório, que para alguns significou a criação de vida me causou um choque de realidade. A invenção científica já nos colocou em um tempo que está sendo chamado de a revolução das células. A pretensão é atribuir às novas tecnologias de manipulação das células sintéticas a importância histórica que a agricultura teve à humanidade, ou a invenção da escrita. Obviamente as especulações procuram demonstrar à humanidade a importância do feito científico. As possibilidades da nova tecnologia já estão sendo focadas na produção de novos combustíveis, em iniciativas de proteção ambiental, na medicina, na produção de alimentos e de armas novas. Especialmente sobre as novas armas biológicas, as maiores potências do mundo demonstraram não saberem lidar com clareza sobre tais possibilidades. Na brecha da dúvida emerge o medo, subproduto de um tempo em que os embates humanos se dão sobre as estratégias terroristas. Os possíveis acidentes, em que organismos artificiais pudessem escapar ao meio ambiente e produzir mutações perigosas são medos que acompanham o imaginário de quem observa o desenvolvimento das pesquisas cientificas.

Em um capitulo a parte, mas não menos importante, está a ética, seu dilema e o abalo às crenças religiosas. Talvez, para algumas pessoas saberem que a criação de vida não é mais um ato exclusivo de Deus, tenha um impacto nas dimensões da descoberta de Charles Darwin, aquele infame que um dia disse que somos parentes de macacos. Quanto aos dilemas éticos, todos orbitam em torno da idéia de que estaremos intervindo na loteria da vida. Ou melhor, na medida em que criarmos novas formas de vida, que talvez nunca existissem se não fossem os laboratórios criados pelo homem, poderíamos estar lidando com forças que ainda desconhecemos. Quanto ao fato de lidarmos com tais forças desconhecidas, é um argumento retórico, pois a gênese da pesquisa científica é lidar com forças desconhecidas. E a intervenção humana sobre o processo de seleção natural existe desde que inventamos a agricultura, quando selecionamos nossos animais domésticos, as espécies favoráveis às estratégias de sobrevivência da humanidade.

Me parece lógico que o foco prioritário de desenvolvimento científico em torno da revolução celular esteja ancorado na saúde, no meio ambiente, na economia e as preocupações que giram em torno da guerra. Se em um tempo guerreamos segurando ossos pela disputa de água, alimento ou terra fértil, com a nova tecnologia podemos sonhar em tornar os desertos férteis. Esses são alguns dos grandes temas da nossa civilização. Mas não poderia me furtar de dividir com os amigos leitores o que me parece ser mais fascinante neste cenário de novas possibilidades. Além da manutenção e equilíbrio da vida em nosso planeta, penso que já é possível modificar a atmosfera de outros planetas em nosso sistema solar. A criação de organismos vivos que se alimente das substâncias abundantes presentes nos astros vizinhos e que o subproduto constitua uma atmosfera que possa abrigar vida. Então poderíamos iniciar nossa jornada pelo espaço e colonizar outros planetas. As viagens interestelares teriam mais um sopro de vida com esse avanço do conhecimento humano. Vale lembrar que somos, antes de tudo, poeira estelar viva, inteligente e consciente que se aproxima cada vez mais da possibilidade de se adaptar em qualquer ambiente.

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