O debate acerca da reformulação do Plano Diretor de Esteio fez com
que o município refletisse sobre sua própria situação. Os mecanismos fomentados pelo Governo Federal, através do Estatuto da Cidade, que foi seguido de forma exemplar por nosso município resultou em uma clássica reflexão. Aquela em que nos colocamos em questão, seguindo os preceitos de Kant. A proposta do Ministério das Cidades para a reformulação dos centros urbanos do Brasil apóia-se, basicamente, em três eixos. A Regularização Fundiária, a Reabilitação dos Centros Urbanos e o Plano Diretor Participativo.
A intenção de tornar os centros urbanos um espaço melhor para se viver torna-se clara, porém a diferença é o ataque frontal às fronteiras sanitárias que definem o que é cidade ou o que é periferia. A realidade já havia nos apontado que as situações dos grandes centros urbanos do Brasil se tornavam insustentáveis diante do modelo tradicional em que foram edificadas e planejadas. O mérito político da nova visão é o foco diferenciado e mais amplo do planejamento, que evidencia a existência de um antigo responsável pelo caos urbano de hoje. As periferias foram planejadas e se criaram na sombra de mecanismos político-eleitorais sem qualquer unidade regional e tão pouco nacional. A mudança proposta pelo novo Estatuto quer estender o direito à cidade e à cidadania às pessoas dos centros urbanos, pois a cidade democrática e republicana ainda é privilégio de poucos e um sonho de muitos, como afirma Lula na mensagem do presidente publicada no documento do Ministério das Cidades em que se apresenta o Plano Diretor Participativo.
Medida sensata e necessária para mudar a realidade de milhões de brasileiros que vivem nos 5.562 municípios do País. Em Esteio, percebemos que parte significativa dos trabalhadores da cidade mora na cidade, colocando em cheque o estereotipo de cidade dormitório. Médicos, advogados, comerciantes, prestadores de serviços e trabalhadores das mais diversas áreas moram e exercem a profissão no município. A visão dada pelos números levantados na implantação do Plano Diretor Participativo de Esteio mostra que o município avançou na autonomia local. Com o avanço da população, hoje com cerca de 87.087 habitantes segundo IBGE, torna-se cada vez mais necessária a comunicação entre as comunidades para que o desenvolvimento social, político e econômico possa ser partilhado. A lógica do mercado competitivo nos diz que informações importantes devem ser guardas a sete chaves, porém o interesse público segue o caminho inverso em que os exemplos positivos de gestão local devem ser amplamente difundidos para que possam ser pensados, testados e aplicados por outras pessoas em localidades diferentes da cidade.
Se percebemos que a comunidade de Esteio está mais autônoma, também é possível perceber o imenso passivo de espaços de vida social. A máxima diz que Esteio não há vida social. Apesar dos avanços conquistados nos últimos anos, a maioria dos habitantes busca vida social em outros municípios. Atualmente, os núcleos mais organizados da cidade são as instituições religiosas, clubes de serviços e associações de moradores. O crescimento da organização das associações de moradores de Esteio se deu, principalmente, pelo fomento da Prefeitura de Esteio, que reservou uma coordenação específica lotada na Secretaria Especial de Governo. Já no primeiro ano de funcionamento do setor, em 2005, foi possível reorganizar a Associação de Moradores do Bairro Jardim das Figueiras, Novo Esteio, Teópolis, Navegantes, Pedreira, Vila Osório entre outras tantas que receberam auxílio para organização de suas atividades. Além das associações de moradores também foi reativada a União das Associações de Moradores de Esteio (UAME), também com a participação do Poder Público Municipal, em 2006.
Estes espaços criados representam um ataque frontal ao déficit de espaços à vida social na cidade. A UAME tem a missão de fazer com que esses organismos sociais locais sejam espaços de vida social, como exemplo da Associação de Moradores do bairro Teópolis. Lá acontecem as reuniões dos moradores, atividades do Orçamento Participativo, prática de esportes, oficinas de capoeira, bailes, chás, jantares, entre tantas atividades sociais que aquele local coletivo proporciona. O fortalecimento das atividades comunitárias passa pela relação entre as associações de moradores e outras entidades da sociedade civil organizada que podem agir de forma organizada fortalecendo-se mutuamente. A comunicação entre essas entidades é o primeiro passo para o estabelecimento de uma agenda coletiva entre as instituições. O JES é um veículo de comunicação que se compromete publicamente com essa idéia. Se você é líder comunitário e quer ajudar a fomentar a vida social em Esteio, as páginas do jornal estarão sempre abertas para que suas atividades possam ser partilhadas pelos leitores que integram as mais variadas comunidades da cidade. É a comunicação como fomento da vida social de Esteio.
Charles Scholl - diretor de comunicação da Prefeitura de Esteio
falecomcharles@pop.com.br
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