domingo, 14 de dezembro de 2008

Quando a comunicação social é o terror / 2003

No dia 8 de novembro de 1986, Esteio conheceu um veículo de comunicação que mudou a vida da cidade. O Eco do Sinos sempre foi um jornal preocupado em cumprir a função social da comunicação. Em tempos mais simples, quando Esteio tinha uma única voz política, enquanto a participação dos diversos grupos sociais emitiam apenas ruídos que se fragmentavam no vácuo da falta de comunicação social, o JES iniciou um trabalho cujo resultado podemos ver estampado na fachada da realidade de nossa Cidade.

Quando falamos em comunicação social para uma sociedade democrática, estamos nos referindo ao conjunto informações publicadas que agregam valor aurático à Cidade. Imaginemos que um turista passe pela cidade e queira informações do cotidiano das pessoas e as características antropológicas peculiares ao povo, que se emancipou por princípios políticos. Cabe lembrar que as divisas da cidade são divisas políticas, pois não há acidentes geográficos que justifiquem uma separação de Sapucaia, Canoas ou Gravataí. Em reportagens feitas pelo JES, foi possível colher depoimentos dos sujeitos que implementaram o ambiente político necessário para a emancipação da cidade. Também, na série de reportagens, foi possível reviver as mobilizações de 2 de julho de 53, quando foi eleita a diretoria pró-Emancipação sob a presidência de Luiz Alécio Frainer, que tornou-se o primeiro prefeito de Esteio. A história, nesse caso, foi revivida por diversos personagens, com destaque para o secretário geral do comitê, Ivo Werlang.

Até mesmo as publicações mais simples como os aniversariantes da cidade, que do ponto de vista pragmático do jornalismo pode ser avaliado como um trabalho sem importância acadêmica, mas oferece o reconhecimento à existência de pessoas simples e trabalhadoras que edificam a base social que vivemos. A liberdade em comunicar os fatos em uma cidade pequena tende a reações políticas que se apequenam com a cidade. Cabe ao jornal encontrar as alternativas para a sobrevivência em momentos como esse, que não foram poucos. Os grupos minoritários que viveram a sombra da política esteiense, por mais de 30 anos, quando chegaram ao poder máximo municipal, agiram com os mesmos presupostos autoritários que desprezam a importância da comunicação social, encarando-a como ameaça ao poder conquistado.

Fora as canalhices políticas, que neste ano culminaram com a demissão de um funcionário público concursado por ter estreita ligação com o jornal, o JES renasce das cinzas sem arredar o pé de seus princípios. De forma independente buscamos desenvolver a comunicação social de forma livre, independente reconhecendo nossas falhas e vibrando com nossos acertos. Este projeto editorial jamais seria possível sem a dedicação, o trabalho, a paixão da diretora Maria Inês Scholl Heinz. O JES só sobreviveu às intempéries oferecidas pelo tempo e pelas pessoas mal resolvidas com a comunicação social, pela habilidade que a diretora Inês tem de tirar água da pedra.
Charles Scholl - falecomcharles@pop.com.br

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