A América Latina vive um momento histórico importante, em que as unidades federativas, cada uma com suas peculiaridades, alimentam um movimento de reafirmação da identidade latinoamericana e autonomia política. O Brasil e o Chile estão liderando o desenvolvimento econômico e social. A qualidade das políticas públicas implementadas pelos paises do Conesul está em amplo crescimento. Michelle Bachelet retoma o norte da agenda política interrompida por Pinochet, em 11 de setembro de 73, com a morte de Allende; Ego Morales, apesar das medidas antipáticas aos interesses econômicos brasileiros, retoma um projeto de autonomia de um povo pela primeira vez na história daquele Pais; Tabaré Vasquez inicia a industrialização do Uruguai, sob uma plataforma política que aguardava mais de 150 anos para ocupar o poder, trouxe para o Uruguai uma fábrica de papel – sob os protestos da Argentina - e uma montadora de automóveis que pretende se instalar no país que tem como base econômica o turismo e o serviço; a Argentina já está recuperando o fôlego após a seqüência de desastres políticos e econômicos. Consolidando o eixo de autonomia dos povos, o braço armado da esquerda sempre protagonizado por Fidel Castro, encontra uma outra liderança que se consolida sob o símbolo na Venezuela, onde Chaves garante mais seis anos de poder por meio do voto popular.
A unificação da América Latina é um sonho alimentado por intelectuais ligados à esquerda, principalmente pelas conseqüências trágicas da guerra fria para os regimes democráticos na América Latina. Os regimes totalitários que emergiram por meio de golpes militares que pipocaram em todo o território nas décadas de 60 e 70 foram devastadores para o crescimento social das nações. O advento da abertura democrática teve impactos diferenciados nos países envolvidos em ditaduras militares.
A preocupação da Argentina em capitalizar-se para superação da crise recentemente vivida tornou os sistemas de investimentos estrangeiros mais eficientes. A desburocratização da máquina estatal para atração de incentivos internacionais foi uma medida estratégica da Argentina, para a recuperação da economia nacional. Apesar da crise, os estudantes argentinos enfrentam bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha semanalmente. Situação de conflito social que já estampou as manchetes dos jornais brasileiros, porém em outra época.
A noção sobre a situação política atual pode ser percebida com a leitura do clássico de Eduardo Galeano, “As veias abertas da América Latina”. Quem já leu vale a pena reler fazendo um comparativo com a situação atual. É um exercício que acaba reforçando nossa real identidade. A identidade é fundamental para a qualidade de vida e sustentabilidade do Estado-Nação. A produção de ações articuladas na América Latina é um sonho que marcou a vida de muitos militantes. Recentemente, Walter Salles nos apresentou a obra “Diário de Motocicleta”, que trabalha com fragmentos da história de Che Guevara, que tornou-se, posteriormente ao período relatado pelo filme, um ícone da unificação da América Latina.
O Brasil está fazendo o tema de casa. Elegeu e reelegeu Lula. Aqueles que diziam que o mundo se indignaria com a decisão do povo brasileiro, em bem pouco tempo perceberam que o povo pode exercer o poder do voto com autonomia, mesmo diante de um mundo globalizado. Prova disso é o risco Brasil, que pela primeira vez na história registrou 199 pontos. O índice revela o grau de confiabilidade, conforme indica a própria denominação do índice. O risco é o menor da história brasileira. Para aqueles que se importam com as questões de Estado, o resultado é uma boa notícia de final de ano. O desempenho político do Governo Federal também foi medido e alcançou os maiores índices de aprovação desde a primeira eleição de Lula. O salário mínimo vai para R$ 380, 00 no Brasil, com alguns impasses com o setor produtivo que esperava investimentos mais generosos.
Outra mudança que marcou a história brasileira é a autonomia sobre o petróleo. Depois do movimento “o petróleo é nosso”, a autonomia era o sonho desejado pela nação. Porém, a linha política que prevalecia até o final do governo Fernando Henrique Cardoso, tinha por objetivo caminhar em outro sentido. Naquele governo foi criado um movimento para desgastar a Petrobrás fundamentado no abandono dos investimentos, na exposição de desastres tais como o da plataforma P.36; na tentativa da mudança da marca para Petrobrax e na contratação de serviços de outros países para despotencializar a geração de empregos especializados no Brasil. O Governo Lula conquistou a autonomia do petróleo com muitos investimentos. Além do petróleo, foi retomada a indústria naval no Brasil gerando milhares de postos de trabalho que estavam sendo dirigidos aos Estados Unidos no governo anterior. No setor energético também há uma revolução dentro da revolução, com a implementação de energias alternativas. Destaca-se a produção de biodiesel, do etanol, da geração de energia eólica e por biomassa. A dívida externa saiu do debate político, pois o Brasil, com o governo Lula, venceu esse desafio e está crescendo com suas próprias pernas. O povo brasileiro caminha na direção de sua autonomia e hoje sabemos que esse foi o melhor caminho para todos. Imaginem se o governo de Fernando Henrique não tivesse privatizado a Vale do Rio Doce? Teríamos mais competência econômica para tornar nosso povo mais nutrido, independente e feliz.
Charles Scholl
falecomcharles@pop.com.br
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