O Natal, acima de tudo, é o momento de lembrança do nascimento de Jesus Cristo, que é a forma como a Bíblia se refere àqueles cujos seguidores consideravam o prometido Messias ou “o Cristo, o filho do Deus vivo”, conforme Mateus 16:16. Existem muitas discussões sobre o genótipo de Cristo, mas nenhuma se aproxima do senhor simpático vestido de vermelho com um saco de brinquedos nas costas. A figura do Papai Noel só é possível de ser concebida em nosso tempo. Um tempo de consumo, em que as pessoas valem o quanto tem. Até mesmo os caridosos, que lavam a alma com ações filantrópicas, competem entre si para poder divulgar o quanto doaram. Isso, obviamente pressupõe o quanto tem para doar. Sob essas duas óticas a que mais vale a pena debruçar-se para uma reflexão, apesar do Papai Noel, ainda é a primeira.
A escolha, por si, é motivada por um valor cristão. O Natal é tempo de lembrar que não devemos julgar pela aparência, e sim pela reta justiça, disse Cristo. Também é fundamental lembrar que com o critério que julgares, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Referências claras da conduta ética cristã em franco conflito com as posturas mais aceitas no senso comum. O que nos leva a crer que se Jesus Cristo nascesse hoje, ainda seria um revolucionário para a sua época.
Sabemos da natureza humana e as infinitas possibilidades e milagres que realizamos neste plano astral. Sabemos que o mundo é a compreensão possível que temos do que nos cerca. Sua expansão está, justamente, na fronteira do que desconhecemos. É pelas dúvidas que chegamos ao conhecimento e, nesse sentido, nossas certezas são os limites da compreensão de nossa existência. Mesmo Nietzsche teve que se agarrar em seu credo para expressar seu ceticismo. E todo o ceticismo de Nietzsche só pode ser considerado blasfêmia aos cristãos. Quando Félix Guattarri escreveu “As três ecologias”, refez o caminho do nascimento para novas formas de pensar, sem as amarras dogmáticas que impregnaram a mente dos religiosos. Michel Foucault diria que os dogmas constituem as bases da “pré-informação”, que edificam o poder do argumento, que se transforma no argumento do poder. Não foi assim que nasceu a idade média? Gilles Deleuze seria queimado por suas idéias junto a Torre Eiffel, em Paris.
Se a natureza humana é assim, podemos também nadar a favor das correntezas de nossa genética e do nosso espírito humano. Após passar pela nominata de célebres hereges, voltemos a simplicidade de Cristo. A boca fala do que está cheio o coração. A propósito, pergunte a si mesmo, o que tem falado ultimamente? A resposta é o contorno geográfico que você está dando para si mesmo. Não aprofunde muito, pois brigar consigo mesmo pode ser muito ruim. A separação não é fácil. Nesse Natal, antes de pensar em medir o quanto pode dar para mostrar o quanto tem, pense em se perdoar por tudo o que você fez contra você mesmo. A paz consigo é fundamental para transmitir a paz para o próximo. Essa paz começa com a fidelidade consigo mesmo, não se traia que terás a confiança do outro. Como bem lembra outra famosa frase de Jesus Cristo “Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito.” Um Feliz Natal.
Charles Scholl
diretor de comunicação da Prefeitura de Esteio
falecomcharles@pop.com.br
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