domingo, 14 de dezembro de 2008

Educação ou repressão no trânsito, o que mais deu certo??? / 2008

Esteio se tornou referência positiva às campanhas educacionais para um trânsito mais seguro. A convicção da gestão sobre a aposta na educação como prática transformadora da sociedade contribuiu para que os programas municipais de educação no trânsito tivessem o apoio político necessário para tornarem-se referência positiva no Rio Grande do Sul. A passagem dos 10 anos do Código Brasileiro de Trânsito, implementado em 22 de janeiro de 1998, foi pauta dos veículos de comunicação de circulação estadual. A Zero Hora publicou, no dia 20 de janeiro, informações que sugerem uma leitura preocupante sobre a realidade do trânsito brasileiro. Neste período mais de 50 mil motoristas tiveram sua carteira suspensa, foram aplicadas 11,9 milhões de multas no Rio Grande do Sul. Isso revela que foram expedidas mais de uma multa para cada gaúcho. Apesar da severidade da legislação, não houve a esperada redução de mortes.
As ações educativas são muito bem recebidas pela população e têm obtido resultados importantes. Para aqueles que são obstinados por resultados rápidos construídos com práticas repressivas, a abordagem educativa pode parecer ineficiente, porém tendem a ser permanentes. A história do Código Brasileiro de Trânsito nos mostra que a repressão funcionou por cinco anos e, posteriormente, não teve efeitos importantes na redução da violência. Tudo nos leva a crer que se o motorista não for convencido de uma prática segura no trânsito, não será o medo da multa que motivará sua mudança de hábito. É fundamental conhecer as regras e um pouco de física para ter uma noção mais exata do impacto de acidentes no trânsito, mesmo em velocidades que consideramos baixas.
Participei, no final de dezembro e na primeira quinzena de janeiro, de duas ações educativas que envolveram a Saúde, os fiscais de trânsito, a Comunicação, a Guarda Municipal, o Conselho Tutelar e a Brigada Militar. Cada ação fez abordagem nos dois pontos mais freqüentados por jovens que geralmente apelam para a mortífera mistura do álcool com a direção. Apesar das lojas de conveniência dos Postos de Gasolina controlarem a venda de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes, os jovens têm trazido de casa as bebidas. O volume inadequado dos carros “tunados” motiva motoristas irresponsáveis à prática de pegas e exibicionismos de frituras de pneus. Além da poluição sonora provocada pelos sistemas de sons e pelos gritos do atrito da borracha no asfalto, o descontrole dos motoristas que tem freqüentado os postos de gasolina coloca em risco outros motoristas, pedestres e motoqueiros. Nesses casos, a presença da autoridade policial e de trânsito inibe atitudes dessa natureza.
A ação buscava sinalizar para um comportamento mais sociável por parte daqueles que optam em freqüentar postos de gasolina para diversão e entretenimento. Na primeira operação, os jovens receberam muito bem a campanha pelo sexo seguro, com a distribuição de camisinhas feita pela Secretária de Saúde Rosane Prato e sua equipe. A revisão dos documentos e dos motoristas alcoolizados também gera confiança de quem dirige, pois fica mais difícil o envolvimento em acidentes por conta da bebedeira de outro motorista. Claro que existem as manifestações contrárias ao estabelecimento de regras. Crianças e adolescentes, se não estiverem acompanhadas de seus pais ou tutores, estão irregulares na rua e precisam da intervenção do Conselho Tutelar que deve trabalhar na família a situação.
A abordagem respeitosa, que preserva os direitos do cidadão, impõe uma relação mais qualificada entre os agentes fiscalizadores e a população. Porém, esse trabalho deve ser intensificado para superar as mazelas deixadas pelos maus policiais. A exemplo disso, na segunda ação ocorreu um acidente entre motoqueiros que procuraram fugir desesperadamente da polícia. O que causou surpresa foi o fato dos rapazes envolvidos não estarem irregulares, mas procuraram justificar que tiveram medo de apanhar da polícia durante a operação. Um dos jovens disse ter sido espancado em outra operação semelhante e que estava traumatizado. Teria agido assim por ter sido acometido pelo pânico e se tornou um problema tão grave quanto o da embriaguês. A reação não deixa de ser resultado da pedagogia da violência. Se desejamos que os condutores mudem de hábito, o caminho mais certo, com resultados mais satisfatórios, passa pelas campanhas educativas por um trânsito mais seguro. Esteio está no caminho certo.
Charles Scholl
diretor de comunicação da Prefeitura de Esteio
falecomcharles@pop.com.br

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