terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Stalin fecharia primeiro os pequenos jornais / 2008

A comunicação social sempre foi um entrave aos partidos de esquerda quando estão no governo. Os últimos 15 anos como comunicador junto ao PT me mostrou as várias faces da esquerda. Em um primeiro momento, as motivações de transformação social deveriam ser mediadas com todos os segmentos da sociedade, tal como faz o Governo Lula. Os aspectos políticos e ideológicos acabam servindo como um filtro em que toda a realidade deveria ser submetida.

A imagem dos governos de esquerda foi totalmente modificada com a chegada do PT à Presidência da República. Um grande salto de qualidade em políticas públicas arremessou a experiência petista para todas as civilizações do nosso tempo. Franklin Martins é a história viva de uma geração de comunicadores marcados pela ditadura militar. Essa ditadura de direita, pela integridade das idéias de liberdade defendidas por essa geração não foi substituída por uma ditadura de esquerda, tais como ocorreram no leste europeu.
Uma das primeiras categorias atacadas em um regime ditatorial é a dos jornalistas. Não podemos confundir, por exemplo, oligopólios de comunicação com a categoria. Os jornalistas também encontram-se submetidos às regras das grandes empresas de comunicação e isso tem sido a prática de censura mais eficiente nos dias de hoje.

As universidades possuem um molde profissional cada vez mais claro para os futuros jornalistas. As últimas reformas curriculares que tenho acompanhado estão privilegiando o mundo digital e suas interfaces comunicativas, porém esse movimento não acompanha a formação profissional de um empreendedor. Isso significa que o profissional de jornalismo é concebido, desde sua formação universitária, como um empregado de alguém. Sendo empregado, pode contar com liberdades profissionais, ou não.


A comunicação social é cada vez mais importante nos centros urbanos da nossa civilização. A tendência individualista faz com que os sujeitos desta sociedade interajam de forma indireta com a maioria das coisas que considera importante em sua vida. A interação ocorre por veículos de comunicação e por toda a indústria midiática. Essa realidade transferiu os debates públicos para esse meio, pois leremos no jornal, ouviremos na rádio ou assistiremos na televisão as notícias sem a necessidade de estarmos no local onde ocorreram os fatos.


Entre os jornais encontraremos o New York Times, que fala das notícias importantes para o reino e o poder; teremos a Folha de São Paulo, com um enfoque mais brasileiro sobre as questões do mundo; teremos a Zero Hora, com um enfoque gaudério do que se entende por realidade brasileira e teremos nossos jornais locais, tais como o Jornal Eco do Sinos, que privilegia o enfoque esteiense. Cada uma destas empresas possui, no mínimo, um concorrente em suas instâncias, pois poderíamos ter escolhido o Estado de São Paulo, o Correio do Povo e o Jornal Destaque para exemplificar a abrangência de cada veículo. Nesse sentido, lembro de uma das frases do Miguel Luz, na sua liderança frente a Associação dos Dirigentes dos Jornais do Interior (Adjori) em que dizia: “Os grandes jornais estão sempre presentes na cabeça das pessoas enquanto que os jornais municipais e comunitários tocam a população pelo coração”.
A cidade fica mais rica com seus veículos de comunicação. Os jornais, em Esteio, cumprem uma função de coesão social com importante repercussão na opinião pública. Eles criam uma espécie de “ágora de agora”, como disse o jovem esteiense Rodrigo Prux em seus devaneios comunicacionais. Esse espaço público é muito valorizado por aqueles que querem colocar suas idéias na praça, por aqueles que querem vender mais e aqueles que querem mostrar que são capazes de fazer algo para melhorar a qualidade de vida de todos.
Também existem aqueles que não querem o funcionamento de empresas desta natureza, tais como os ditadores de esquerda e direita.

Acreditam que o Poder Público não deve participar destes espaços. Isso significa dizer que o Poder Público não deve ir à praça defender suas idéias. Esta gestão da Prefeitura de Esteio mudou essa história pela valorização de sua imprensa local, apesar das contrariedades manifestas pelo PSB. Na gestão de Vanderlan a empresa de comunicação que mais recebeu recursos da Prefeitura de Esteio é de São Leopoldo. Também era a que mais poderia dar retorno para sua candidatura a deputado estadual. Então é fácil entender a lógica de explorar a mídia local para alcançar o poder na cidade e depois fomenta uma disputa contra seus antigos parceiros para alçar voos maiores. Tudo em nome do Poder Público, mas em defesa de seus interesses particulares. Recentemente um documento do PSB cita, em tom de acusação, o Jornal Eco do Sinos por fazer parte dos jornais qualificados às campanhas institucionais da Prefeitura de Esteio. Cabe destacar que todos os jornais com mais de 20 anos de funcionamento na cidade integram as campanhas institucionais da Prefeitura. Tanto pelo tempo de trabalho na praça, como pela valorização e respeito dos poderes constituídos com os leitores dos jornais locais.

Charles Scholl
falecomcharles@pop.com.br

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