domingo, 14 de dezembro de 2008

Uma cidade não se resume a selva de pedras / 2007

Estamos no tempo em que os municípios periféricos, que formam o conglomerado urbano da Região Metropolitana de Porto Alegre, deveriam pensar alternativas para que o futuro possa reservar uma qualidade de vida sem os equívocos protagonizados pelas grandes metrópoles brasileiras. O período que antecede o pleito de 2008 é oportuno para refletir sobre o diagnóstico das potencialidades e mazelas de cada município. No ano que vem, a eleição municipal definirá as lideranças que estarão à frente desse processo até 2012. A tendência individualista, que assola nosso tempo, induz uma realidade que favorece a degeneração social.

Em recente palestra realizada em Esteio, o professor Euclides Redin afirmou que a falência das cidades é uma evidência de um modelo insustentável. O desafio é criar novos mecanismos para a superação da cidade falida. Para Redin, o caminho passa pela democratização da democracia. O que parece redundância encontra sentido na real necessidade da participação maior dos cidadãos para que o projeto social tenha êxito. O estudioso vê com bons olhos o foco da cidade educadora, adotado por uma rede internacional de municípios, que transforma a administração em uma grande sala de aula. Essa política reafirma o compromisso de cada um com o município e abre uma avenida de possibilidades de tornar o governo mais próximo da vida das pessoas. Quanto maior for essa proximidade, maior será o sentimento de pertencimento ao município de cada cidadão, como protagonistas de seu tempo. Em Bogotá, o prefeito Antanas Mockus Cívicas usou desta plataforma para desenvolver a auto-estima da população e tornou a cidade mais bonita.

A educação é o caminho para que possamos nos desenvolver com sustentabilidade. A participação da população sobre as decisões do município é fundamental para que uma administração construa, além de obras, a cidadania. Isso significa reconhecer que a qualidade de vida de uma comunidade também depende do desenvolvimento de cada um. Como afirma Ana Carolina no conceito da unimultiplicidade, desenvolvido em parceria com Tom Zé, em que cada homem é sozinho a casa da humanidade. Para superar os desafios postos na agenda da atualidade é necessário ouvir mais Ana Carolina e transformar a poesia em práticas administrativas que instiguem cada esteiense a pensar em si, na sua família, em seu bairro e em sua cidade.


Charles Scholl
falecomcharles@pop.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário