domingo, 14 de dezembro de 2008

Mercado interno e a sustentabilidade / 2004

Na semana anterior falamos sobre a importância das cooperativas de crédito e suasíntimas relações na edificação dos grandes centros econômicos do Planeta.Comparamos, no texto, a importância econômica dessas modalidades de transaçõesfinanceiras com aquilo que, convencionalmente resolvemos chamar de senso comum.Então, partimos do pressuposto de que as cooperativas de crédito, assim como asrelações cooperativadas são formas organizacionais edificantes e propícias paraemergentes dos mais variados setores produtivos.

O que fica um tanto abstrato sãoas teorizações em torno dos processos cooperativados desacompanhados de exemplospráticos, que ofereceriam uma leitura facilitada do processo em si.Nesse sentido, procuro complementar essa afirmativa teórica com exemplos práticosque estão em pleno andamento. Um caso curioso e que merece nossa atenção é o daGeralcoop. A empresa originalmente chamava-se Fogões Geral. Localizada em Guaíba,foi assumida pelos seus funcionários. O curioso é que enquanto as regras de mercadonos aponta que a tecnologia é uma vantagem, a impressão que se tem é que o sucessoda Geralcoop é justamente a falta de tecnologia. A empresa está funcionandoexclusivamente para o mercado interno e tem como carro chefe de produção aconfecção de fogões a lenha.

A vantagem da estabilidade na produção para o mercadointerno é que ela está sujeita a variações previsíveis pelos seus dirigentes quevivem a realidade econômica e política imersos nela. As estratégias de crescimento,expansão ou táticas de retração podem ser mais bem tratadas de modo que não setornem uma violência ao cotidiano dos trabalhadores. Pelas últimas notícias quetenho da empresa, a produção não para, apesar da redução do frio nesse inverno. Nocaso desta empresa o fator climático é determinante para a demanda de produção.Podemos dizer que a Geralcoop tem possibilidades para exportação e uma autonomiasubsistente ancorada no consumo do mercado interno. Isso significa que a crisedeflagrada pela Argentina, com as restrições impostas através da taxação deprodutos específicos, não atinge o desempenho da Geralcoop. Se lembrarmos osestragos econômicos que a crise da abertura da economia trouxe para o setorcoureiro-calçadista, com a entrada dos produtos chineses, teremos uma idéia do quesignifica a importância da sustentabilidade ancorada no consumo do mercado interno.Em Esteio temos poucas empresas que são dependentes do mercado interno.

A maioriadelas são de pequeno porte e possuem um status que não se compara com as grandesempresas exportadoras sediadas no município. Essa imagem social, que convencionamoschamar de status, não pode, de forma alguma, diminuir a importância do pequenoempreendedor que está sediado no município. Inclusive, pelas característicasespecíficas da geografia que nos limita, os empreendimentos de pequeno e médioporte representam a alternativa para uma economia sustentável do município. Essasempresas devem ser tratadas como prioridade e organizadas para seu sucesso nomercado interno, com o apoio do poder público, e incentivadas para a expansãoprodutiva em busca de outros mercados. Com a mudança do Conselho Monetário Nacionalsobre as regras de organização de cooperativas ampliam-se às possibilidadescognitivas e essa realidade no aponta novas possibilidade para o desenvolvimentoeconômico do município.Porto Alegre, 19 de julho, de 2004.
Charles Scholl - falecomcharles@pop.com.br

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